A ORAÇÃO E A MISSÃO
“A leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois, ‘a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando temos os divinos oráculos’” (Dei Verbum, n. 25).
Danilo Cippollini Donizetti Seminarista 3º ano de Filosofia |
A escuta atenta da palavra de Deus faz parte do itinerário da formação dos discípulos missionários, que em contato com a palavra sai pelos campos a semear sementes de vida eterna. A prática da oração na vida missionária é de extrema importância, haja vista que o caminho do missionário é repleto de alegrias, mas também de tribulações, dificuldades e dúvidas, e quem melhor para compartilhar as dificuldades do que o próprio Deus, que é Pai, Filho e Espirito Santo?
Aquele que não usa da oração como arma contra as adversidades não só do caminho missionário, mas de toda vida, acaba por perder as esperanças e desanimar do serviço na messe de Jesus.
Já nos dizia “... Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mc 13, 13), e a forma de manter-se perseverante é estar atento àquilo que Deus tem a nos dizer; rezar com os olhos da alma.
A palavra acaba por encarnar-se em nossas vidas, e a descobrimos na medida em que alimentamos em nós “os mesmo sentimentos de Jesus” (Fl 2,5), é estar em uma constante experiência de Deus, mas como o próprio Cristo, atento as dificuldades da vida, sejam elas pessoais, sejam da comunidade na qual estamos inseridos.[1]
Uma dica para uma oração fecunda é a prática da “Lectio Divina”, ou seja, “uma leitura guiada pelo Espirito de Deus”[2], uma leitura dialogal e por isso orante.
Alguns passos vem sendo seguidos através dos séculos, no qual muitos antes de nós beberam de tal fonte.
Primeiramente é necessário preparar o local para a oração, não é possível concentrar-se com barulho da televisão ligada.
Em seguida silencie o coração, esqueça o que acontece ao seu redor por um momento. Invoque o Espirito Santo para que guie este momento íntimo com Deus.
Em seguida siga os 4 passos:
1) Leitura: um primeiro momento deve ser caracterizado pelo contato imediato com a Escritura. Ter a preocupação de perguntar: o que o texto diz em si? Criar silêncio interior, predispondo-se para escutar. Leitura atenta do texto, voltar ao texto para ver o que mais chamou a atenção, repetir aquilo que me tocou, estar atento aos detalhes que ali se encontram.
2) Meditação: a pergunta dessa vez é: o que o texto diz para mim? É um segundo degrau para a subida que começamos em busca do rosto de Deus. Para isso: ler de novo o texto. Atualizar, assimilar e encarnar a Palavra, ligando-a com a vida. Questionar-se. Dilatar a visão, relacionando o texto com outros textos bíblicos.
3) Oração: não esqueçamos que aqui não se trata de estudo bíblico, o que queremos é responder ao Deus que nos dirige uma Palavra atual, por isso, agora a pergunta que se coloca é: o que o texto me faz dizer a Deus? Toda a reflexão anterior tem o sentido de me colocar em diálogo com o Pai. Aquilo que se refletiu entra agora na linha da conversa num “tu a tu” com Deus. Louvar, agradecer, suplicar a Deus que descobrimos muito próximo de nós pelo dom de sua Palavra.
4) Contemplação: Deste degrau a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Ele o conduzirá à contemplação.
Meus irmãos, depois deste momento de experiência de Deus é impossível que a Sua Palavra não tenha gerado em nós um desejo de mudança, um anseio de conversão. A pergunta dessa vez é: Qual o compromisso de vida devo assumir diante da Palavra meditada? Como tudo o que ouvi, refleti, falei pode me ajudar a viver melhor o meu compromisso de vida? Quais os desafios que tenho que enfrentar para viver melhor como discípulo de Jesus nas circunstâncias em que me encontro?
Esse deve ser um exercício continuo. Confesso ser difícil atingir “sucesso” na primeira tentativa, mas com a perseverança virá a alegria de poder sentir-se mais próximo de Deus através de sua palavra, que tornar-se-á fonte de esperança e salvação em nossas vidas.
Oxalá! Possamos um dia repetir as palavras de Maria, sempre Virgem, “faça-se em mim segundo a vossa Palavra” (Lucas 1, 38) e que esta encarne em nossa existência.
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